Manifestação sobre o Relatório da Comissão Nacional da Verdade

25/11/2014 19:03

A Comissão Camponesa da Verdade, reunida em Brasília nos dias 24 e 25 de novembro de 2014, manifesta-se publicamente sobre o que veio a público em relação ao Relatório da Comissão Nacional da Verdade, especialmente a partir da entrevista do Comissionado Pedro Dallari, publicada no Portal UOL no dia 18 deste mesmo mês.
Registramos apoio e concordância com as recomendações anunciadas, particularmente a punição dos agentes do Estado que cometeram graves violações de direitos humanos e crimes de lesa-humanidade e a necessidade de continuidade dos trabalhos de investigação por outro órgão de Estado, para esclarecer casos e fatos não contemplados no Relatório.
Contudo, apontamos nossa preocupação com a informação de que a CNV reconhecerá oficialmente apenas um número aproximado de 430 mortos/as e desaparecidos/as, referentes em sua quase totalidade a nomes e casos já reconhecidos.
A se confirmar esta informação, se consagra a exclusão da maioria de camponeses e camponesas mortos/as e desaparecidos/as das políticas de reconhecimento oficial, dificultando o acesso à justiça de transição.
Destaca-se que a Comissão Camponesa da Verdade entregou relatório circunstanciado de graves violações de direitos humanos dos camponeses como subsídios à CNV, incluindo uma lista de 1.196 camponeses e camponesas mortos/as e desaparecidos/as.
Reivindicamos o reconhecimento oficial de todos os camponeses mortos e desaparecidos no Relatório da CNV.
Brasília, 25 de novembro de 2014

Comissão Camponesa da Verdade

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA (e seu estudo)

17/11/2014 19:23


Manifestações de apoiadores do golpe, inconformados com o resultado das urnas, agora apelam para o impeachment e para uma intervenção militar. Além de revelar uma atitude anti-democrática, de quem não quer se submeter à maioria (por sentirem-se “superiores e mais esclarecidos” que a maioria), os inconformados apelam para uma intervenção que tem lá sua história e precisa ser lembrada, pelo menos em seus principais momentos:
– A Ditadura Militar durou 21 anos, perseguiu, matou, censurou, intimidou a milhares de brasileiros. Muitos tiveram que se exilar no exterior, para sobreviver;
– A prática da tortura a presos políticos transformou-se em política de Estado, com gente sendo formada e ensinando “investigadores” no uso de “técnicas e meios” ensinados por assessores norte-americanos (via Escola das Américas, no Panamá). Torturaram não só os presos políticos, mas seus filhos, cônjuges, pais e avós.
– A perseguição política não poupou políticos de centro (como Juscelino Kubischeck) ou mesmo de direita (como Carlos Lacerda) que mesmo que tenham apoiado o golpe inicialmente, foram descartados na sequência (além de terem mortes ainda hoje não esclarecidas).
– A Ditadura era corrupta. Esquemas de enriquecimento ilícito de Generais, burocratas de alto escalão, envolvimento com empresas, etc foram vários (escândalos CAPEMI, caso Lutfalla, Petroquisa, …) e muitos outros que não puderam ser apurados, nem denunciados (porque naquela época quem acusava o governo de corrupção podia aparecer boiando num rio no dia seguinte).
– A Ditadura era genocida. Na construção da rodovia transamazônica, centenas de povos indígenas foram atacados, inclusive com emprego de Napalm e desfolhante laranja. Milhares de indígenas foram dizimados ou reduzidos à miséria e a mendicância.
– Isto sem mencionar a perseguição e extermínio de lideranças estudantis, sindicais e populares, do campo e das cidades.
O atual saudosismo da Ditadura, parece uma nostalgia do clima de guerra fria, animado por um anti-comunismo tosco e por uma cega e odiosa vontade de bater e matar! Seja em quem for! A ignorância nunca fez bem a ninguém!